Uma palavra tão singela mas de um significado tão profundo… Quantas vezes de verdade paramos para refletir sobre a sua importância? Esta simples palavra de quatro letras sempre teve um papel central na minha vida. A minha casa é o meu lugar no mundo, onde me sinto acolhida, reconfortada, onde me reconheço através da textura dos espaços, dos objetos, das cores, das experiências ali vividas ao longo do tempo. A casa é um testemunho da nossa história e da nossa identidade.
Quando criança meu domínio era meu quarto, meu pequeno universo onde me divertia exercitando meus poderes transformadores. Frequentemente modificava todo o layout, mudava a cama de lugar, rearrumava a estante, encontrava um novo local para brinquedos e objetos. Essa necessidade de transformação, de evolução, essa inquietude faz parte da natureza humana. O processo de renovação dos espaços é também o reflexo de um desejo de renovação interna de nós mesmos.
A experiência da pandemia despertou em muitos a consciência de como é importante nos sentirmos bem em nossa própria casa. A impos sibilidade de interagir com o mundo exterior ofereceu a possibilidade de olharmos para dentro, para o nosso espaço íntimo e pessoal, tantas vezes negligenciado. Para perceber com clareza o que precisamos melhorar em nosso universo é necessário entender o que nos incomo da e o porque. É um processo de autoconhecimento, de sensibilidade e muitas vezes de certa vulnerabilidade.
Existem vários aspectos que influenciam no conforto dos ambientes em que vivemos. Eles podem ser tanto físicos e objetivos como também subjetivos: o fluxo da casa, a interligação dos espaços e como interagem entre si; as dimensões de cômodos, mobiliário e áreas de circulação; a correta altura e ergonomia de bancadas, mesas e cadeiras, até a quan tidade de móveis que temos. Estes são alguns dos elementos essencial mente práticos de um projeto.
Porém, a arquitetura e o design incorporam aspectos técnicos que afetam também nosso bem estar emocional e nossa saúde. Iluminação e ventilação quando adequadas induzem a sensação de amplitude, de leveza, de renovação, além de manter o ambiente saudável. Cores e texturas produzem diferentes vivências sensoriais, onde as cores claras ampliam o espaço e as escuras o diminuem.
Texturas naturais evocam conforto e familiaridade, as ásperas provocam certa aversão, as macias acalmam e convidam. Os materiais, claro, tem grande influência na percepção dos ambientes trazendo sensações de quente e frio, proximidade ou distância, atração ou rejeição, conforto ou desconforto. Madeira, pedras, tecidos de fibras orgânicas, tons e cores que remetem à natureza são elementos que trazem mais conforto e aconchego. A presença de plantas e fontes de água trazem o mundo natural para o espaço interior, contribuindo para um maior sentimento de repouso e relaxamento. São muitas as nuances de uma casa, diferentes dimensões e per cepções que se sobrepõem. Cada casa é única, refletindo a perso nalidade e os desejos de quem as habita.
O importante não é seguir a moda, ser sofisticado ou simples, seguir um determinado estilo. O importante é nos fazermos as perguntas certas e estarmos atento às respostas. Nossa casa é o nosso centro, um refúgio onde podemos chegar, encostar a cabeça no sofá, respirar fundo e deixar o burburinho do mundo do lado de fora com um suspiro de alívio.
Monica Leite Arquitetura www.monicaleite.arq.br Então comece agora a cuidar do seu universo particular. Escolha um canto da casa, o seu preferido, e faça dele todo seu. A sua cor, seus objetos afetivos, seus livros, suas plantas, tudo o que faz você se sentir você! Neste universo não existe certo ou errado, não há regras ou obrigações. O seu compromisso é com o seu bem estar, felicidade e conforto. Crie, recrie, construa ou destrua se necessário for. Tenho certeza de que ao final deste processo surgirá uma casa revitalizada.