Arquitetura Inteligente

O nosso mundo está se transformando a uma velocidade extraordinária. Os recursos naturais que utilizamos para criar e produzir tudo o que consumimos não estarão disponíveis para sempre. Sua contínua exploração provoca danos muitas vezes irreparáveis aos ecosistemas do planeta. Reutilizar, reciclar, reaproveitar, são palavras que estão se tornando cada vez mais importantes no nosso dia a dia. 

Dentro desse contexto, o uso de containers na arquitetura está se popularizando com força em muitos países, incluindo o Brasil. Os atrativos são diversos: custo de construção reduzido, pois o projeto parte da utilização de uma estrutura já existente; obra mais rápida e limpa; grande variedade nas possibilidades de combinações de montagem e ampliações, o atrativo estético de uma arquitetura ao mesmo tempo rústica, industrial e moderna.

Os containers foram criados nos Estados Unidos na década de 50 por Malcom McLean para facilitar o transporte de mercadorias, principalmente por via marítima. São regulamentados internacionalmente pela ISO e feitos de aço corten, um material extremamente resistente a corrosão e condições climáticas extremas. Sua estrutura é reforçada nos cantos para maior resistência de empilhamento e suspensão, permitindo o empilhamento de até nove unidades carregadas.

Existem diferentes tipos de containers incluindo secos (Dry), refrigerados (Reefer), abertos (Flat Rack) e semi-abertos (Open Top). As dimensões padrão são de 2.44m largura x 2.60m altura e comprimentos de 5.89m e 12.00m. Para atingir um pé direito interno mais alto existe a opção do High Cube, com 2.90m de altura.

As aplicações na arquitetura são inúmeras, das mais tradicionais e difundidas como escritórios, depósitos, canteiro de obras, cozinhas e sanitários até as mais inovadoras como escolas, bares, cafés, quiosques, residências e lojas. A estrutura dos containers pode ser facilmente adaptada aos diferentes usos, as paredes cortadas para a inclusão de portas e janelas das mais variadas dimensões e tipos, mantendo-se sempre a integridade estrutural dos cantos. 

Todo container projetado para habitação humana deve receber tratamento térmico e acústico, tanto nas paredes como no teto. As superfícies devem ser internamente revestidas para garantir a segurança e o conforto dos ambientes. Existem várias opções de materiais isolantes tais como a lã de PET, lã de vidro, poliestireno expandido ou isopor (EPS), lã de rocha, chapas de OSB (aglomerado de lascas de madeira bastante resistente e versátil) e outros. As especificações devem ser feitas caso a caso, levando-se em consideração o orçamento e o uso de cada projeto.

O acabamento interno também pode ser feito com diferentes materiais. O piso original do container é em compensado naval, que pode ser mantido como opção estética mais rústica dependendo do projeto. As paredes podem ser revestidas com gesso acartonado e pintadas, cerâmica, madeira ou qualquer outro material que possa ser aplicado sobre a estrutura das paredes.

A arquitetura em container na minha opinião veio para ficar. É uma solução inteligente, econômica e faz todo sentido no contexto da realidade em que vivemos. Sustentabilidade é uma necessidade real e imediata que pode trazer soluções mais viáveis para nossas cidades, incluindo alternativas de moradia para populações de baixa renda. 

Então o desafio da vez é reciclar! Comece pela sua casa, olhe à sua volta e escolha algum item que possa ter um novo destino, dono ou uso. Transformar é uma experiência motivadora e gratificante. 

Boa sorte e sucesso! 

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Mônica Leite

Natural de Belo Horizonte, formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, em 1994, tenho mais de vinte e cinco anos de prática profissional atuando nas áreas de design de interiores, projetos corporativos, residenciais e comerciais.